Carlos Bastos

Em 1944 meu primeiro contato com o professor Alberto Valença, foi na Escola de Belas Artes da Bahia, onde fiz dois anos de estudos, completando depois na Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro.

Nesta época na Bahia, haviam poucos pintores. Mas os que mais se destacavam era Presciliano Silva, Raimundo Aguiar, Mendonça Filho, Jayme Hora, Diógenes Rebouças e Alberto Valença.

O meu primeiro contato com os professores da escola em  1944 e 1945 foi com Aguiar, Mendonça Filho e Professor Valença. Eu estava com 18 anos. Tímido e poucas intimidades entre professores e alunos naquela época... Mas o professor e pintor famoso que eu mais tinha aproximação era Valença.

Era ele que corrigia os meus primeiros esboços a carvão, de modelos vivos e estátuas de gesso. Era então a Escola de Belas Artes da Bahia, um modelo em miniatura da Escola de Paris, com lustres de cristais, galerias com cópias das estátuas da Grécia e da Roma Clássica. O aprendizado era duro, exigente e difícil. Tinha que se desenhar e muito bem. Só depois do 2º  é que se começava a pintar a óleo. Valença foi sempre amável  e compreensivo comigo e corrigindo com paciência e achava que eu tinha talento, dedicando-me uma atenção especial. Eu tinha paixão pelas suas marinhas com seus coloridos suaves e especiais.

Depois fui estudar em New York e Paris, voltei e ficou na minha formação de pintor, as influências e o aprendizado tão necessários ao pintor, que ele soube me passar e que persiste na base do desenho e da convivência com grandes artistas como ele, que conseguiram deixar na minha adolescência, as bases da minha formação futura.

Graças a estes professores que souberam também manter o equilíbrio destes jovens da época, é que formaram uma geração atual de pintores atuais e sólidos e bem informados.
Professor Alberto Valença foi um marco na História da arte da Pintura Baiana e não será jamais esquecido pela bagagem preciosa que legou ao nosso Estado.

Carlos Bastos
Salvador, 22 de agosto de 1996