Edvaldo M. Boaventura

Maria Amélia pede-me um depoimento sobre seu pai, o pintor Alberto Valença, conhecido mestre da pintura baiana. Valença com Presciliano Silva e Mendonça Filho exerceram influência na Escola de Belas Artes e alcançaram proeminência na Bahia. Destacou-se pelos retratos e paisagens, lembrando pelas suas tintas um pouco Cèzanne. Foi fiel ao impressionismo francês, manifestando-o um pouco tardiamente como os outros dois.

O meu contato maior com Valença deu-se no final do ano de 1970. Quando se reuniram os elementos para a concessão do prêmio Odorico Tavares, instituído pelo governador Luiz Viana Filho, fixamo-nos em  Valença, sobretudo pelo que representava o conjunto de sua obra. Sobressaiam os seus trabalhos na inesquecível exposição montada no Museu de Arte Sacra por aquela época. Valença já ia avançando nos anos, embora lúcido. Todos opinaram que fosse ele premiado, tais como, Renato Ferraz, diretor do Museu de Arte Moderna, Carlos Eduardo da Rocha à frente do Museu de Arte da Bahia, ainda instalado no solar Góes Calmon, bem assim como o pintor Jorge Costa Pinto. O governador Luiz Viana Filho concordou com a indicação que eu, seu Secretário de Educação e Cultura, fizera. O prêmio coroava o reconhecimento de um grande pintor. Assim, participei oficialmente da premiação que fez Valença muito feliz.

Edivaldo M. Boaventura
Salvador, 6 de junho de 1996