The Poet of Color, by Jayrth Moreira

Falar do professor e amigo Alberto Valença é voltar ao passado. É lembrar da Escola de Belas Artes da Bahia, nos anos 50, localizada na Rua 28 de Setembro, onde hoje funciona um órgão público. Naquela época – recordo com certa emoção – era aluna do terceiro ano e, desta forma, qualificada a transpor as portas do “atelier”, local para mim cheio de mistérios, onde o Mestre Valença ministrava a Cadeira Modelo Vivo. Na minha fantasia, aquele salão, cheirando a tinta-óleo e terebintina, parecia um santuário, um lugar sagrado, onde se falava baixo e se aprendia a descobrir o caminho das cores e, mais do que tudo, a perceber a dança das luzes que entravam pela claraboia. O Mestre nos guiava por este novo mundo, através de sua voz mansa, mas firme e de um sorriso difícil de ser definido. Seu olhar, por detrás dos grossos aros dos seus óculos, refletia tonalidades que variavam do azul ao cinza, conforme a situação, como quando cometíamos o pecado de não obedecer à ordem correta de colocar as tintas na palheta. Essa diversidade de cromatismo repetia-se nas suas obras impressionistas. Devo a você, Mestre, por ter despertado e refinado, com seus ensinamentos, a minha natural sensibilidade de artista.

Acredito que a sua morada, hoje, deve ser a mais colorida estrela, onde você continua pintando céus, praias e paisagens. (abordagem mística)