Humberto lembrou que eventualmente aos domingos ia para o ateliê de pintura na casa do colega João Gama, na Gamboa, com uma linda vista para a Baía de Todos os Santos. João Gama depois se tornaria aluno, ator e professor da Escola de Teatro. Participou de várias peças encenadas no Teatro Santo Antônio, da própria escola. Quando ia ao ateliê da Gamboa, Valença ficava conversando e não pintava nunca. “Não pintava na frente de ninguém. Só pintava sozinho porque era muito tímido”. Humberto lhe disse que não era justo o mestre ficar parado servindo de modelo. Então trocaram os papéis e ele começou a fazer o retrato do aluno que estava usando uma camisa clara, esverdeada. Valença observou: “essa camisa você não lava enquanto eu não terminar o trabalho, porque pode esmaiar um pouco e o reflexo fica prejudicado”. A imagem mostra o retrato de Humberto Peixoto usando a inesquecível camisa.

SPÍNOLA, Vera. Conversando com a Pintura de Alberto Valença: Um romance biográfico. p. 131.