Passage to the Dining Hall
O amigo e escritor Eugenio Gomes (1897-1972) recordava-se dele trabalhando os interiores do convento de São Francisco, logo que veio da Europa em 1928, preparando-se para a exposição. Foi um período de intenso trabalho. Gomes o visitou no convento onde viu os quadros ainda molhados - dois ou três que estava pintando. Surpreendeu-o muito preocupado com a qualidade da luz para prosseguir a atividade. Nas palavras do jornalista “o padrão de exigência do artista o levava a agir como se tivesse um encontro marcado com um tipo de luz”(VALLADARES, 1980, p. 332).
Eugenio Gomes relatou a visita na crônica intitulada “O Poeta e o Pintor”, publicada em 1931 pelo Jornal O Globo. Conta que em uma manhã, após atravessar um dos claustros do convento de São Francisco deparou-se diante de uma porta, em cuja soleira havia um pequeno dístico com uma única palavra, em letras muito negras: “Silêncio.” O frade que o acompanhara até ali disse: “É aí”. O pintor de paisagens tranquilas e dos interiores silenciosos estaria sempre ali, de manhã e de tarde, com a sua sensibilidade e a sua paleta, enquanto lhe permitissem as contingências da vida que reboava lá fora.
O escritor entrou na sacristia-mor do convento, um dos relicários da arte antiga. Impressiona-se com a negrura das obras de talha contrastando com os painéis em tonalidade desmaiada. Não vê o pintor. Depara-se com outra porta onde se lia “Proibido”. O escritor presume se tratar de uma porta guardadora de mistérios, além dos paramentos usados pelos padres na celebração da missa. Finalmente encontra Valença segurando uma tela ainda fresca das últimas pinceladas. Gomes fica encantado com os quadros representando os interiores místicos do convento. Seriam expostos na mostra que estava por acontecer.
SPÍNOLA, Vera. Conversando com a Pintura de Alberto Valença: Um romance biográfico. p. 83 e 84.
Eugenio Gomes relatou a visita na crônica intitulada “O Poeta e o Pintor”, publicada em 1931 pelo Jornal O Globo. Conta que em uma manhã, após atravessar um dos claustros do convento de São Francisco deparou-se diante de uma porta, em cuja soleira havia um pequeno dístico com uma única palavra, em letras muito negras: “Silêncio.” O frade que o acompanhara até ali disse: “É aí”. O pintor de paisagens tranquilas e dos interiores silenciosos estaria sempre ali, de manhã e de tarde, com a sua sensibilidade e a sua paleta, enquanto lhe permitissem as contingências da vida que reboava lá fora.
O escritor entrou na sacristia-mor do convento, um dos relicários da arte antiga. Impressiona-se com a negrura das obras de talha contrastando com os painéis em tonalidade desmaiada. Não vê o pintor. Depara-se com outra porta onde se lia “Proibido”. O escritor presume se tratar de uma porta guardadora de mistérios, além dos paramentos usados pelos padres na celebração da missa. Finalmente encontra Valença segurando uma tela ainda fresca das últimas pinceladas. Gomes fica encantado com os quadros representando os interiores místicos do convento. Seriam expostos na mostra que estava por acontecer.
SPÍNOLA, Vera. Conversando com a Pintura de Alberto Valença: Um romance biográfico. p. 83 e 84.
Technical datasheet
Passage to the Dining HallSão Francisco Convent (Salvador, Bahia)
Alberto Valença
Oil painting on canvas
60 x 72 cm
1930
Norma Martins’s collection