Depois de dois anos em Paris, a bolsa patrocinada pelo governo da Bahia já havia cumprido seu prazo. Ele não queria voltar de imediato. Havia muito mais para explorar. Além do mais, a viagem de volta no navio duraria cerca vinte dias. Já que estava lá, era preciso aproveitar o máximo.

De vez em quando visitava a Bretanha, oeste da França, que fascinava tantos artistas. Resolve então se mudar para a pequena cidade de Concarneau, no extremo da Bretanha, localizada no departamento (divisão administrativa) denominado Finistère.

Hoje, a cidade de apenas vinte mil habitantes é especializada na construção de embarcações, principalmente pesqueiras, voltadas grande parte à pesca industrial do atum. Embora o auge como point dos artistas tenha sido entre 1870 e 1950, a região da Bretanha, incluindo Concarneau, ainda é conhecida por acolher grande número de pintores franceses e estrangeiros, atraídos pela suavidade da luz e transparência da atmosfera, pelo espelho d’água da enseada, pelo patrimônio arquitetônico, pelas numerosas embarcações, pelas características étnicas e culturais da população operária, camponesa e principalmente pescadora.

SPÍNOLA, Vera. Conversando com a Pintura de Alberto Valença: Um romance biográfico. p. 62 e 63, 66 e 67.