Cotidiano à Beira-Mar
Cotidiano à Beira-Mar
Representação de cenas do cotidiano à beira-mar, com pinceladas quase imperceptíveis. Foge do impressionismo e tende ao realismo naturalista. Cada vez que contemplo o quadro, encontro mais um elemento que faz parte da memória de uma espectadora que, quando criança, nos anos 1950/1960, frequentou a Ilha das Vacas, próxima a Madre de Deus. A vegetação rasteira é sombreada por amendoeiras e outras árvores frondosas, onde se percebem passantes e bovinos à solta; sobre o solo arenoso, um jegue carregando o caçuá, monitorado por uma figura humana. Distinguem-se características sequenciadas da paisagem praiana na maré baixa: restinga; areia; poças de água entre rochas; saveiro encalhado e outros navegando sobre o mar calmo; e ao longe, a Ilha dos Frades, de ponta a ponta, com sua praia e um ponto branco à direita que, na memória poética da espectadora, seria a igreja de Loreto, além de paisagens difusas de ilhas mais distantes. Deve ter sido pintado numa manhã de sol dos anos 1940.

SPÍNOLA, Vera. Conversando com a Pintura de Alberto Valença: Um romance biográfico. p. 236.

Ficha Técnica

Cotidiano à Beira-Mar
Alberto Valença
Óleo s/ tela
50 x 68 cm
c. 1940

Coleção particular