O advogado e pintor Jorge Costa Pinto também lembrou que Valença dedicava aos quadros um amor paternal. Além de amigo, Jorge tornou-se aluno informal de Valença. Os dois saíam às vezes no carro de Jorge para pintar pela cidade. Arthur Jorge, seu filho, comentou “lembro-me de que foi para meu pai, o seu verdadeiro e dedicado mentor artístico. Repassou-lhe, com fidelidade, seu amplo conhecimento e experiências, no desenho e principalmente na pintura”. O retrato de Vera, esposa de Jorge, pintado em 1937 difere de todos os demais de sua autoria. É um raro trabalho em que Valença utilizou uma técnica mista de pastel, guache e grafite. “O desenho tem clima renascentista e lembra Holbein35 na extremada parcimônia de meios e de matéria para ênfase de sutilezas do traço e da cor”, observou Clarival. Apesar da grande admiração pelo mestre, Jorge Costa Pinto, passando por um conflito transcendental, segundo Arthur Jorge, “começou a se libertar dos padrões rígidos do academicismo, buscando ansiosamente o caminho desprendido da modernidade”. E acrescentou “Valença ficou indignado com a guinada impetuosa e de certa forma audaciosa. Entretanto meu pai estava completamente impregnado por uma forte base técnica transmitida pelo extraordinário mestre, que consequentemente o credenciou a se tornar um apreciado artista moderno”.

SPÍNOLA, Vera. Conversando com a Pintura de Alberto Valença: Um romance biográfico. p. 168.