O maior quadro e retrato de autoria de Valença, medindo 270 por 175 cm, foi também dessa época. Trata-se da monumental representação do cardeal Dom Sebastião Leme (1882-1942). Sabe-se que não foi fácil ser escolhido para autor daquele portrait. Concorreu com o enciumado artista Eliseu Visconti que já era credenciado na Cúria Metropolitana. O próprio Sebastião Leme decidiu que Valença pintaria o quadro. Assim, os conselheiros acabaram por aceitar um estranho, sem muita certeza de que daria conta da encomenda. Contava que havia feito um boneco para botar os parâmetros, a fim de reproduzir toda a veste, sem cansar o modelo. Na hora de pintar o rosto e as mãos, D. Sebastião fez questão de posar ao vivo, gesto considerado uma deferência ao artista.

O cardeal tivera um papel de conciliador na Revolução de 1930, por ter conseguido convencer ao então presidente Washington Luís a deixar o governo, antes de um possível derramamento de sangue. O retrato de Dom Sebastião pertence à Pinacoteca do SS Sacramento da Candelária. Deve estar no salão nobre do Consistório, Igreja da Candelária, Rio de Janeiro.

SPÍNOLA, Vera. Conversando com a Pintura de Alberto Valença: Um romance biográfico. p. 98 e 99.