Manuel Lopes Rodrigues (1859-1917) teve um papel decisivo na carreira de Alberto Valença. É considerado o mestre dos mestres da pintura baiana do final do século XIX e início do século XX. Teve uma posição marcante como incentivador de talentos, como professor de desenho e pintura, além de ter deixado uma extensa obra, embora fragmentada e dispersa. Ele recebeu do pai, o pintor João Francisco Lopes Rodrigues (1825-1893), as primeiras lições artísticas. Frequentou o Liceu de Artes e Ofícios como aprendiz e depois como professor. Criada por iniciativa de operários em 1872, a instituição oferecia formação acadêmica aos artistas locais e de outros estados. Em 1876, com apenas 17 anos, Manuel foi nomeado professor para a primeira classe de desenho do Liceu.

João Francisco e Manuel Lopes Rodrigues, Presciliano Silva, Alberto Valença e Manoel Mendonça Filho são identificados com a Escola Baiana de Pintura. João Francisco fora aluno da aula pública de desenho e frequentara o ateliê de Teófilo de Jesus (1758-1847), considerado como um dos mais talentosos pintores da Bahia na era do barroco.

A chamada Escola Baiana de Pintura refere-se a uma série de pintores atuantes especialmente em Salvador entre a segunda metade do século XVIII e a primeira metade do século XX. A expressão “escola” nesse caso tem sentido amplo. Trata-se de uma tendência ou movimento artístico, de afinidades de cunho estilístico e temático entre obras e artistas, não raro conhecidas pela localização geográfica, a exemplo da Escola Veneziana, Romana, Francesa etc.

SPÍNOLA, Vera. Conversando com a Pintura de Alberto Valença: Um romance biográfico. p. 18 e 19.