Zingara, é uma das mais belas amostras da série de retratos feitos em Paris. Trata-se de uma cigana madura, de traços marcantes, com uma expressão séria, enfadada e ao mesmo tempo atrevida.  Hoje ela pertence ao arquiteto David Bastos, em São Paulo.

Diógenes Rebouças chama a atenção desse detalhe e de um dos recursos pictóricos utilizados - o vazamento da pintura, isto é, a tela como elemento compositivo do próprio quadro, a superfície não ocupada por tinta, mostrando a tela crua, sem ter sido tocada por pincel e integrada à composição do todo. Valença repetiria essas técnicas aprendidas com Émile Renard em diversos retratos. Uma delas chama-se esfregaço, que é pintar deixando a pincelada, e depois passar o dedo para modelar o músculo. Ele modelava o músculo do retratado como se fosse uma escultura.

SPÍNOLA, Vera. Conversando com a Pintura de Alberto Valença: Um romance biográfico. p. 57 e 58.