Dagmar Pessôa
Alberto Valença era uma figura marcante na Escola de Belas Artes que ensinava com a mesma dedicação os primeiros passos da arte aos iniciantes como aos já adiantados nos estudos artísticos.
Era cordial, atencioso e a sua simplicidade encantava a todos que conheciam a dimensão e qualidade da sua obra, mas não se ufanava disso, achava que sempre podia ir mais além. Era muito querido e respeitado, estava sempre atento a todos os alunos, incentivando os pequenos progressos.
Quando fui sua aluna, de 1952 a 1957, era muito jovem, mas já percebia uma alma grande, uma pessoa extremamente sensível deixando transparecer alguma angústia e tristeza. Parecia ter nascido em um tempo errado, era um romântico impressionista.
Alberto Valença foi um expoente da pintura baiana, muito embora não estivesse nas notícias e exposições, a não ser nos salões de artes onde o público apreciava a beleza de seus desenhos e pinturas.
Valença, como era chamado, gostava de falar de seu tempo em Paris na Academia Julian quando surgia oportunidade, sentava no cavalete para corrigir os trabalhos dos alunos, falava das cores e da natureza.
A sua longa trajetória na vida e na arte baiana lhe confere, merecidamente, o título de Mestre.
Dagmar Pessôa
Abril/1996