Jorge Costa Pinto
Alberto de Aguiar Pires Valença, renomadamente Valença, nascido em 1890, na cidade de Alagoinhas, Bahia - já nasceu pintor. Isso ficou confirmado desde os seus primeiros estudos de pintura. O primeiro quadro que pintou e que conserva, marcou a autenticidade do artista nato.
Haveria de ser o pintor impressionista extraordinário que é, como revelou desde muito jovem, ao ingressar na Escola de Belas Artes da Bahia. Na Escola, seus trabalhos mereciam entusiástica aprovação dos mestres. Extra Escola, já fazia obra notável. E recusa a ofertas dos colecionadores da época, porque jamais gostou de vender os seus quadros, tal o amor que lhes dedica, sendo eles frutos do amor, da plenitude de alma, com que sempre os pintou.
Logo diplomado, conquistou o prêmio Caminhoá, da Escola, envolvente de bolsa do Estado da Bahia, tendo viajado para a Europa, em 1925. Na Europa permaneceu 3 anos. Em Paris, estudou na tradicional academia Julian, com Albert Laurent e no atelier do velho mestre Émile Renard.
Habitou belas cidades, nas quais pintou como, por exemplo, Concarneau. Mas voltou à sua terra, o grande pintor que já era, sem marca de mais ninguém, de mestre nenhum. Embora tenha executado notáveis retratos e interiores e domine a figura humana, sua preferência é a paisagem a que tem se dedicado mais, avultando as marinhas. As da orla marítima da cidade do Salvador e as de ilhas arrabaldes, todas lindas.
O perfeccionismo temperamental de Valença é extremo. Donde consome muitas seções na elaboração de um quadro. Prefere as marinhas dos fins de tarde. Sua luz é a de sua palheta e a de sua alma, ansiosa do belo sereno. Quando as interrompe por mais tempo, espera, no próximo ano, análogos momentos de atmosfera, luz e efeitos pictóricos para concluir, como as vê e sente.
Jorge Costa Pinto
Bahia, 11 de abril de 1979