Lígia Milton
Conheci o professor Alberto Valença e 1955 na Escola de Belas Artes na rua 28 de setembro.
Era aluna do professor Raimundo Aguiar cuja sala de aula ficava próxima à do professor Valença. Certo dia, coube-me desenhar a carvão uma meia máscara. O professor Raimundo Aguiar gostou do trabalho e mostrou ao professor Valença iniciando-se assim o nosso conhecimento. Com frequência o professor Valença solicitava os meus desenhos, avaliava-os e ensinava-me a melhorá-los, ou apenas elogiava-os.
Era professor austero, porém simples, interessado no progresso não só dos seus alunos, mas também, daqueles de outros cursos que por alguma razão, dele se aproximavam e ele vislumbrava potencialidade. No momento da análise de um trabalho, ficava calado, sério, mudando-o de posição várias vezes era rígido e exigente, porém delicado na crítica, capaz de fazer elogios, bastante estimulador, afável, fraternal mesmo em certas ocasiões.
A passagem mais marcante para mim, foi o nosso primeiro contato, quando ele, após observar o desenho que eu havia feito da máscara, após observá-lo por algum tempo, período suficiente para me deixar apreensiva, teve uma expressão de alegria e aprovação, deixando-me menos tensa, seguida de palavras que me encheram de satisfação e estímulo.
Sei que o professor Alberto Valença nasceu na cidade de Alagoinhas, pertencente a família de recursos econômicos limitados. Muito lutou, trabalhando como desenhista e para atingir o "status" de pintor ajudado por Lopes Rodrigues, posteriormente por Presciliano Silva.
Era possuidor de técnica perfeita, apreciador da natureza, tinha imensurável sensibilidade e punha a observação e a inteligência a serviço da sua arte. Foi considerado o maior paisagista baiano.
Retratista consagrado, pintou não apenas as fisionomias, mas conseguia transpor para as telas os sentimentos e personalidades dos modelos.
Lígia Milton